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Reflexões sobre autoria e apropriação na arte contemporânea: de Adrian Piper a Zoe Leonard

Sobre a dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes da UFES, sob orientação da Profa. Dra. Gisele Barbosa Ribeiro


por Flávia Dalla Bernardina


A pesquisa que propomos aqui tem como objetivo discutir a autoria e a apropriação na arte contemporânea, com enfoque na produção de duas artistas norte-americanas: Adrian Piper e Zoe Leonard.


Considerando minha atuação profissional na seara dos Direitos Autorais, este tema se apresenta como uma conexão a ser construída entre o Direito e as Artes, trabalhando nas lacunas e intersecções entre saberes para construir pontes viáveis a uma interlocução entre esses dois campos de estudo.


Decide who you are #25: How to handle black people: a beginners manual, 1991 Adrian Piper Fonte: Artnet

Essas considerações são relevantes para justificar o recorte da pesquisa que se situa temporalmente na contemporaneidade, e que busca interlocução com a autoria nas práticas das artistas Adrian Piper e Zoe Leonard, e nas implicações críticas da prática da apropriação a partir dos sistemas de representação vigentes.


Analogue, 1998 - 2009 Zoe Leonard Fonte: MoMA

Partindo dos desvios inaugurados por Marcel Duchamp no início do século XX, das colagens produzidas pelas vanguardas, avançando na Pop Art com Robert Rauschenberg, bem como nas posteriores práticas da crítica institucional, nas obras de artistas como Michael Asher e Fred Wilson e em seguida da crítica feminista da representação por artistas como Louise Lawler, Barbara Kruger e Sherrie Levine, iniciamos a trajetória da análise da apropriação e da autoria na arte contemporânea, com o objetivo de alcançar a produção das duas artistas contemporâneas citadas no recorte da pesquisa.


Sem título, 1992 Zoe Leonard Instalação da IX Documenta de Kassel Fonte: Whitney Museum of American Art

Cada uma a seu modo, vale-se da apropriação de imagens, do corpo, da história e do território para reposicionar questões contemporâneas, atualizando-as para uma leitura no tempo presente, sendo um deles a própria noção de autoria na contemporaneidade enquanto ativadora de discursos passíveis de desierarquização para o dialógo.


A autoria, enquanto uma construção histórica, estaria intimamente ligada à relação de individualização e de poder e, portanto, de propriedade, que se manteve firme até o modernismo. Michel Foucault no texto que é referência para os estudos da autoria - O que é um Autor? - diz:


Como o autor se individualizou em uma cultura como a nossa, que estatuto lhe foi dado, a partir de que momento, por exemplo, pôs-se a fazer pesquisas de autenticidade e de atribuição, em que sistema de valorização o autor foi acolhido, em que momento começou-se a contar a vida não mais dos heróis, mas dos autores, como se instaurou essa categoria fundamental da crítica “o homem-e-a-obra”, tudo isso certamente mereceria ser analisado (FOUCAULT, 2001, p. 267).

Nesse contexto, a apropriação tomaria outros usos e sentidos sob a premissa de que tudo seria passível de ressignificação – inclusive a noção de autoria - onde a própria lógica da história passaria por uma revisão no tempo presente.


A dissertação reflete sobre o olhar, a sensibilidade e as vozes de mulheres enquanto autoras que são convocadas a abordar temas a partir de uma crítica da autoridade concentrada na ideia moderna de autoria.


The Mythic Being, 1973 - 1975 Adrian Piper Fonte: Mousse Magazine

Nos interessa na pesquisa analisar as conexões e tensões entre a apropriação e a autoria, problematizados a partir das pesquisas e obras das artistas Adrian Piper e Zoe Leonard, que se valem da apropriação como estratégia crítica para pensar temas contemporâneos como autoria, negritude, feminismo, gênero e sexualidade.


As referências bibliográficas podem ser encontradas ao acessar a dissertação.
 

A dissertação "Reflexões sobre autoria e apropriação na arte contemporânea: de Adrian Piper a Zoe Leonard", de Flávia Dalla Bernardina, está disponível na íntegra no site do Programa de Pós-graduação em Artes do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo.


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