Ensaio por Anna Costa e Silva e Renan Marcondes
Resumo: Registro de uma conversa realizada entre os artistas Anna Costa e Silva e Renan Marcondes em 2019 após a finalização de um período compartilhado de residência na PIVÔ Arte e Pesquisa.
Anna Costa e Silva
Me fala alguma coisa sobre fragilidade?
Renan Marcondes
Eu nunca entendi bem o espaço branco entre as coisas, entre uma linha e outra, entre uma palavra e a próxima. Sempre quis preenchê-lo. Eu acho que isso tem a ver com minha maior fragilidade: espaços entre pessoas. Isso sempre foi tão profundo para mim que meu maior problema de saúde sempre foi minha pele. Tive fases, anos atrás, em que todas as minhas juntas ficavam em carne viva. Com isso eu não conseguia, efetivamente, me mexer. Interrompido pelo órgão mais visível aos olhos dos outros, o que revelava a dificuldade de estabelecer um contato com o outro. O problema, me parece, é que eu sempre tentava completar esse contato, deixá-lo cristalino, liso, como uma peça de resina. Demorou muito tempo para eu entender que essa ação era impossível, e meio besta. Nenhuma relação com o outro é completa, ela nunca fecha o ciclo. Mas eu tenho a impressão que a gente é criado para (pelo menos eu fui criado para) tentar pensar nessa relação com outra pessoa como algo a ser preenchido, na justa medida. Mas nunca é. Sempre transborda, sempre cai no chão, sempre falta, sempre é errado. E descobrir que é aí o charme da coisa, demora… Pensando sobre isso, quero te perguntar se você se lembra sobre sua primeira decepção em relação a uma pessoa.
Anna Costa e Silva
Achei curiosa a sua resposta, pois eu também sempre senti algo forte sobre o espaço entre as pessoas. Uma necessidade de preencher, uma dificuldade muito grande de lidar com os vazios. Mas nunca senti isso sobre as linhas, as palavras ou as coisas. Na verdade, demorou muito tempo para notar a presença das coisas ou das palavras, e às vezes até hoje me parece que as coisas não existem, apenas as relações. Eu também tive muitos problemas de pele e penso que tem a ver com não saber exatamente o meu contorno. Onde eu termino e onde começam os outros, o que não sou eu. Lembro-me de uma grande decepção - que provavelmente não foi a primeira, mas foi uma das primeiras de que me lembro. Por volta dos quatro anos de idade, tinha uma melhor amiga na escola, a Babi, e, para mim, nós éramos totalmente um time - ou quase a mesma pessoa. Uma vez, um grupo de meninas mais "populares" (louquíssimo que isso existia no jardim de infância) chamou a Babi pra brincar mas deixou explícito que não era para eu ir junto. Para mim era claro que ela negaria esse convite, e seguiríamos fazendo algo juntas, pois éramos mais do que o suficiente e não tinha por que brincar com as crianças mais populares - sempre me interessou mais a escala um para um do que os grupos, acho que isso fica bem claro nos meus trabalhos, rs. Mas, afinal, ela foi brincar com as outras crianças e eu me senti completamente sozinha. Isso foi bem marcante pra mim. Quase não me lembro dos detalhes, mas me lembro muito da sensação. E acho que isso me disse muito sobre os limites que existem entre a gente, e também sobre dinâmicas sociais, relações de poder, questões que, para mim, são difíceis até hoje. Tenho tido muitas decepções ultimamente que me lembram dessa mesma sensação. É louco o sentimento de que estamos sempre revivendo as coisas, não acha? Isso me interessa bastante. Gostaria que você me contasse sobre alguma coisa da qual você nunca se recuperou, ou nunca mais foi o mesmo.
Renan Marcondes
Nossa, pensando nesse momento de infância, e dessas coisas que ficam guardadas entre memória e imaginação, lembro de me decepcionar muito com uma professora no Carnaval. Eu estava vestido de Dálmata (quando o desenho da Disney foi lançado, tinha entre 4 e 5 anos) e já um pouco incomodado porque minha fantasia era só uma roupa branca de cetim com umas bolas pretas - ao contrário das fantasias dos outros amigos vindas diretamente da Disney. Foi um momento inicial de sensação de inveja também. Mas, essa professora, com a melhor das intenções, veio me falar que eu estava lindo de vaquinha da Parmalat. Fiquei tão decepcionado… Não bem com ela, mas com toda a situação na verdade. Comigo, com ela, com a minha fantasia que era mesmo confusa entre vaca e cachorro... E era minha única roupa, eu não podia me desfazer dela, apenas aceitar minha situação de vaca-cachorro ao longo daquele dia.
Mas enfim, você me perguntou outra coisa. Isso é muito óbvio para quem me conhece muito bem, mas como você não me conhece vou repetir: Nunca mais fui o mesmo depois da morte da minha mãe, em 2017. Tinha 25 anos e acabado de decidir que ia casar com meu marido, mudar de casa, tudo seguindo como deveria seguir. Até ela dormir e nunca mais acordar - em um também fatídico 11 de setembro. Fui muito bem amparado por amigues, mas lidei com o processo todo: vi o corpo no necrotério, dei a notícia pra minha vó e minha tia, etc. E isso me deixou em um estado de atenção tão grande, numa situação de hipersensibilidade que me afetou fisicamente. Quando recebi a notícia, minhas vísceras fizeram tal movimento que vomitei na hora. O coração ir à boca é algo real, porque o estômago puxa tudo pra cima. Desde esse momento, sentia demais o cheiro das coisas, a escala de tudo parecia mudada... Fiquei muito tempo no necrotério, incomodado que tinha um cartaz de propaganda política vermelho, sobreposto sobre outro azul, mas eu ainda conseguia ler as letras do vermelho em baixo relevo. O mundo deu uma boa explodida desde então. E cá estou, com mãos imaginárias me segurando, ou colocando corpos esbranquiçados deitados sem movimento aparente, apenas se desfazendo...
Você já se machucou de algum jeito? Qual sua relação com dor?
Anna Costa e Silva
Seu texto chegou para mim com uma sensação difícil de descrever, algo como uma falta de ar e muitas coisas molhadas nos olhos. Como se eu estivesse acessando ou sentindo um pouco da sua dor, mesmo sabendo da impossibilidade disso. Nunca perdi ninguém e, de certa forma, isso é um grande fantasma na minha vida. Tenho muito medo de que as pessoas à minha volta morram. Não consigo imaginar o que é uma pessoa que amo muito não existir mais, e sempre tenho o sentimento de que não vou aguentar, que vou enlouquecer quando esse dia chegar. É estranho, fico meio vivendo essas mortes, construindo hipóteses na minha cabeça do que seria a sensação da perda, acredito que seja uma tentativa de proteção. Como se antecipar esse sentimento fosse tornar as coisas menos insuportáveis. Mas, de certa forma, isso também é uma maneira de me machucar, e aí volto para a sua pergunta. Sempre me machuquei muito, e sentir dor esteve relacionado com me sentir viva por muitos anos. Passei metade da minha vida (dos dez aos vinte e cinco anos de idade) arrancando meus próprios cabelos. Arrancava um a um e fazia grandes buracos. Não doía, pelo contrário, a sensação física era muito boa, mas me causava muito sofrimento ver de forma tão clara a extensão da minha capacidade de autodestruição e ter que esconder isso das outras pessoas. Foi uma vida inteira com esses buracos, sempre escondidos por cortes exóticos, cabelos jogados para o lado, faixas, chapéus, penteados e até perucas, coisas que pareciam bem interessantes e específicas, mas estavam ali cumprindo apenas a função literal de tapar grandes buracos. Parei de arrancar no dia 01 de agosto de 2013, como parte de um trabalho de arte que até hoje nunca mostrei pra ninguém. Também tive anos de dor crônica todos os dias nas articulações em todo o lado direito do corpo, fibromialgia. Chamava essas dores de “A Dor”, pois ela tinha algumas características muito específicas e curiosas. Poderia passar dias e anos só te escrevendo sobre dor. Mas tem uma coisa interessante que é falar sobre “A Dor” ou sobre a tricotilomania - o nome técnico de arrancar os próprios cabelos - como coisas que passaram. Nunca acreditei realmente que essas coisas passariam, e isso muito me emociona. Observar que as coisas passam é algo que me emociona muito.
Pensando nisso, te pergunto: Quando foi a primeira vez que você percebeu que o tempo passava?
Renan Marcondes
Para mim, tanto a relação da pele, quanto da morte, são provas muito concretas do tempo passando. Sempre achei que minha questão de pele fosse eterna, sempre tive diagnósticos médicos apocalípticos, falando que teria que lidar com isso pelo resto da minha vida, que não tinha saída etc e tal. E, com muito trabalho e dedicação, mudou. Não passou. Mas mudou. Minha pele continua sendo meu órgão mais sensível, mas, hoje, vejo isso como sintoma de uma relação artística com o mundo. Não é problema nenhum. Com a morte é a mesma coisa: também sempre fantasiei em relação à morte da minha mãe, porque ela era muito próxima em muitos níveis. Ela me criou praticamente sozinha, ela tinha um afeto do tamanho do mundo, ela dedicou a vida dela para mim. Então, nunca sabia muito bem como seria esse dia, como reagiria, como sobreviveria. É como se ele fosse certo limite da imaginação, porque qualquer coisa que viria depois dele seria completamente diferente. E, em certo sentido, é. Mas em outro o aspecto cru da vida continua operando. No dia da morte, ainda precisei comer, dormir, cagar, mijar, coçar o pé, enfim.
Sobre o tempo, acho que percebi isso mudando para São Paulo, porque envelheci muito rápido vindo pra cá. Foi uma carga de ansiedade grande que me mudou muito, e com isso eu percebi que o garoto que achava que era não tinha muito mais espaço naquele corpo. Coisas começaram a doer, a funcionar menos, a encontrar um estacionamento, a frequência hormonal abaixou. Mas é curioso que, mesmo antes disso, com uns 16, 17 anos de idade, tinha uma sensação de não ter feito nada na vida ainda, de estar perdendo tempo, de precisar cumprir algo. Penso que esse envelhecimento também é decorrente disso.
E por falar em São Paulo, qual o veredicto depois de três meses aqui?
Anna Costa e Silva
Acabei um livro agora, “O Peso do Pássaro Morto”. Passei uns minutos chorando. Meu namorado perguntou o que estava acontecendo, o que tinha achado do livro e eu não sabia dizer. Era uma mistura de sensação da intensidade das coisas, do passar do tempo, de um desejo de contato com a vida, com as explosões; e um medo também dessa falta de pele, de não dar conta das intensidades que tanto procuro. Era um livro sobre muitas perdas e mortes. Achei curioso ter ficado sem internet justo na pergunta sobre o “veredito de São Paulo”, pois sempre tive dificuldade com veredictos, com dar conta das experiências.
Me senti muito feliz e muito triste, muito em contato com fraturas expostas, ou sendo as próprias fraturas expostas. Mínima, diante da escala da cidade, e enorme diante de coisas que estava passando, não entendendo direito, mas ouvindo, de vez em quando, uma música interna. Sabe, quando você ouve algo como uma música lá dentro? Para mim é uma medida de que está tudo bem. Passei parte do meu tempo na casa de pessoas ouvindo sonhos-pesadelos de muitas mulheres sobre o que está acontecendo no dentro-fora. Eram sonhos que elas tiveram durante as eleições do Bolsonaro, narrativas bastante duras e apocalípticas, e também pessoais, e surreais. Sinto que não sei direito o que é de cada uma e o que é meu. E, assim como você, minha existência artística também se dá com a falta de pele. Fiquei feliz com a energia concentrada do trabalho, com a rotina, com os muitos bons encontros no Pivô. Foram muitos bons encontros. Todos os processos de criação para mim são dolorosos, é algo que trabalho muito para mudar. Hoje percebi que estou gostando muito de te ler e escrever para você.
Como você está se sentindo ao escrever pra mim?
Renan Marcondes
Estou buscando espaços para isso, admito. Sinto que preciso de um tempo longo e de dedicação para as respostas, e nem internet tenho direito aqui longe. É recomeçar uma vida que vai durar só um pouco, muito estranho. Escrever para você tem me feito pensar muito em duas coisas: em horizontes e em fantasmas. Como se cada resposta abrisse um rápido espaço para ver coisas que estão sempre lá, mas quietinhas. Lembrei que precisava te responder enquanto lia um livro sobre exposições invisíveis, e o catálogo era uma espécie de roteiro para a construção de futuros museus sem objetos. As páginas são cheias de imagens de galpões e galerias vazias, em processo de montagem, com o chão meio sujo e umas manchas na parede. Todas aquelas que são escondidas antes de uma grande abertura. Estou pensando muito em camas e paredes destruídas em galerias, e escrever tem me ajudado a formalizar essas ideias, então, tem sido um grande alívio. Ficar sem produzir - como estou aqui - vai me deixando de certa forma entulhado em ideias e imagens. E a escrita é um jeito de horizontaliza-la, por as coisas lado a lado.
Por isso, eu queria pedir para você descrever um trabalho que farei no futuro, daqui uns 10 anos. Proponho que eu faça o mesmo para você.
Anna Costa e Silva
Gosto de horizontes e fantasmas, nunca tinha pensado no horizonte como a possibilidade de colocar as coisas lado a lado. Achei curiosa a sua proposta pois estava pensando muito sobre a experiência de te escrever, mas, principalmente em como te ouvir. É uma pergunta que me faço sempre, como ouvir? Como fazer com que as falas não virem monólogos sucessivos - necessidade de colocar as coisas para fora, independente de quem esteja do outro lado. Acho que nessa escala um para um que trabalho, essa talvez seja uma das grandes questões, pois fica muito nítido - mais para mim, do que para o outro - os momentos em que estou de fato ouvindo e os que não tanto. Não acho que seja o caso aqui, mas é algo que tenho pensado. Como de fato me relacionar com o que você está trazendo, como ser mais atravessada por cada palavra, cada frase, cada construção, para além da pergunta seguinte que se dirige a mim. E, aí, a sua proposição de pensar no trabalho que você fará daqui a 10 anos, vem de forma perfeita, pois está lidando justamente com uma abertura para a escuta - e uma responsabilidade bem maluca também. Resolvi escrever essa primeira resposta, recém-chegada no Rio, com fuso horário e gripe, também para dizer que preciso de mais um pouco de tempo para a resposta do seu trabalho daqui a 10 anos. Até breve!
Te respondo dez anos depois. É algo como isso, a sensação que tenho desde que a minha amiga Flora morreu, há cinco dias. Corrijo: não parecem dez anos, parece uma dimensão paralela, um filme, alguma ficção que não sei direito dizer. Vou tentar não me estender aqui sobre mim, pois a pergunta é justamente sobre você. Mas pensei bastante na descrição da morte da sua mãe, de volta àquela outra dimensão. Talvez o mundo possa se dividir entre as pessoas que já perderam alguém muito importante e as pessoas que nunca perderam. Acabo de mudar de lado.
Sobre seu trabalho daqui a 10 anos, eu tenho pensado bastante na distopia em seus trabalhos mais recentes, nessa oposição, ou comentário sobre a emancipação e a utopia pela arte, da qual a Lygia Clark fala. Fiquei aqui viajando em você daqui a 10 anos fazendo filmes de ficção-científica-humana. Como se os protetores de proximidade humana fossem um ponto de partida para toda uma concepção de um mundo, para diversas histórias, envolvendo várias pessoas numa nova lógica bizarra de relações. Não são histórias lineares e os vídeos também são bem estranhos. Cenários estranhos, movimentações estranhas dos corpos, e legendas. Penso que terão legendas e coisas escritas. Imagino você mostrando esse trabalho como se as pessoas estivessem entrando numa realidade paralela - como se estivessem entrando dentro de um livro. Penso que os vídeos seriam projetados no chão. Em alguns momentos, teria canto, um canto bem baixinho e cruel. Tem algo como você ser um maestro neste trabalho. Um maestro de um dos fins do mundo.
E eu, o que estarei fazendo daqui a 10 anos?
Renan Marcondes
A partir de 2021, imagino que você fará um voto de silêncio por tempo indeterminado. Entenderá isso como um trabalho que busca relações humanas para além da linguagem. Esse projeto dura vários anos, e você desenvolve um vocabulário gestual específico, uma segunda linguagem, com ações como pressionar os dedos médios um contra o outro, piscar sete vezes abaixando a cabeça, tocar com as pontas dos dedos na cabeça de alguém por um minuto, etc. Esse material nunca ganha forma de exposição, mas começa a vazar pelos corpos de outras pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro, que pegam alguns gestos, quantidade de piscadas. Isso vira uma espécie de código secreto meio vago, até que você publica em forma de livro um dicionário (ou adicionário) que apresenta leituras possíveis desses gestos. O mercado de arte começa a querer comprar as primeiras edições do dicionário e você precisa intervir, então volta a falar. Quando você volta a falar os gestos (são poucos) já correm por todo o Brasil como uma segunda camada do português.
Que coisa essa conversa sobre morte que acaba com uma morte. Cada vez mais acho que a gente sente a morte chegando antes dela chegar. No ano em que minha mãe morreu, passei um mês inteiro dentro dos cemitérios na Bahia, em um projeto. Só pensava em morte… Enfim. Acho que acabamos por aqui nossa conversa de 10 anos de duração...
Anna Costa e Silva
Sim, a conversa sobre morte acabar em uma morte é uma coisa insana. Olhei meus cadernos de São Paulo nesses dias, e todos os meus escritos falavam sobre morte, um deles perguntava, inclusive, se era possível sentir que uma pessoa estava partindo. Se havia algo nos olhares ou nos movimentos, ou se a própria pessoa já sabia, de alguma forma, que iria em breve. Flora estava muito bem, curada do câncer, nada doente quando eu viajei para São Paulo. Nunca pensaria nela. Encontrei, nesses dias, um diário que ela mesma escreveu quando estava me interpretando em meu projeto do Autorretrato, em 2016. O diário da Flora-Anna. Abri numa página aleatória, ela estava me observando numa performance de um amigo que era um jogo da memória, e a partir de alguma figurinha eu disse "Eu nunca perdi ninguém. Eu sofro muito pelo medo de perder alguém, penso nisso, obsessivamente. Às vezes eu acho que deveria passar por isso logo, pra sensação virar mais real." Também sequer me lembrava de ter dito essa frase na performance.
PS.: Podemos fazer uma colaboração quando eu estiver em silêncio e você inventando um fim do mundo... Talvez os meus gestos incorporem alguma distopia nesse momento.
Anna Costa e Silva dedica esse texto a amiga, atriz e performer Flora Diegues (1986-2019).
É mestra em Artes Visuais pela SVA, NY, recebeu prêmios como FOCO Bradesco ArtRio, Bolsa Funarte de Produção Artística e American Austrian Foundation Prize for Fine Arts, competindo com mestrandos de todas as universidades americanas. Trabalha a partir de situações construídas entre pessoas, que propõem reformulações dos tecidos sociais e afetivos tendo o encontro como principal matéria. Passa seus dias num híbrido de artevida, dormindo na casa de pessoas desconhecidas e conversando antes de dormir, oferecendo companhia, pensando sobre possibilidades de estar em lugares de consumo e não consumir e perguntando como as pessoas existem. Seus projetos acontecem em algum campo sem nome, nas interseções entre artes visuais e cênicas, cinema e práticas relacionais.
É doutorando em Artes da cena pela Universidade de São Paulo. Sua formação interdisciplinar inclui graduação e mestrado em Artes Visuais e especialização em História da Arte. Sua pesquisa intercala performance, dança e escultura. Mesclando essas linguagens, propõe situações cíclicas nas quais o corpo aparece submetido a elementos que o humano sempre buscou dominar, como o chão, a força da gravidade, os objetos e o olhar. Compreende o corpo antes de tudo como matéria e busca sempre vê-lo como se sob uma lupa, o que faz das minhas obras geralmente fixas, lentas e intertes, apresentado ações patéticas, repetitivas e sem objetivo definido.
Esta publicação faz parte da seleção realizada a partir da chamada de ensaios sobre Circuitos da arte: Memórias e Expansões.
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